segunda-feira, 29 de junho de 2009

VENDER É ARTE DE VENCER !

VENDER É A ARTE DE VENCER !

Vender, realmente é uma arte, na verdade, vender é a arte de vencer objeções, obstáculos, rejeições,desafios,medos,negativismo,dúvidas,pessimismo,temores,erros,anseios, marasmo, resistências, insegurança.
O cliente, via de regra, está sempre repleto das mais variadas formas de dúvidas,
- Será que estou fazendo um bom negócio ?
- Será que o preço está realmente bom ?
- Será que se eu esperar um pouco mais, encontro um imóvel melhor e mais barato?
- Será que eu vou conseguir o financiamento ?
- Será que eu não vou ter problemas para pagar?
- Será que a localização do imóvel é mesmo boa ?
- Será que depois eu não vou me arrepender ?
- Será que a documentação está sem problemas como disse o corretor ?
- Será que os vendedores não têm restrições que impeçam o financiamento ?
- E se o banco fechar o financiamento ?
- Será que o vendedor não baixa mais o preço ?
- Será que o corretor está trabalhando mesmo ao meu favor ?

Para estar apto a lidar com as objeções do comprador, o corretor precisa também, superar as suas próprias dúvidas, precisa acreditar de forma inabalável que vai concretizar a venda, vencer o marasmo da rotina, trabalhar com entusiasmo e sempre com a intenção de que o seu cliente consiga fazer o melhor negócio possível. Não pode ter medo de perder a venda, pois como eu já disse, quando uma venda não se concretiza por qualquer motivo, o corretor não perde, pois ninguém perde o que não tem.

Antes de pensar no valor da comissão, o corretor deve se preocupar primeiro em dar a melhor atenção possível ao cliente, e não medir esforços para que ele faça um bom negócio, nunca se esquecendo que ambos, vendedor e comprador, são clientes, e que a maioria dos vendedores são potenciais compradores. O vendedor de hoje, pode ser o comprador de amanhã! Se você olhar para o cliente sem ver cifrões, se estiver realmente interessado em lhe prestar o melhor serviço, e quiser sinceramente que ele concretize uma ótima transação, fatalmente a sua comissão virá naturalmente, não é claro, sem uma boa dose de trabalho planejado, honesto e determinado.

Este detalhe é que faz da intermediação imobiliária um tipo de venda diferente das demais, é preciso muito equilíbrio, muita sensibilidade, muita lealdade, muita competência com a argumentação. O corretor não vende simplesmente tijolo, cerâmica, azulejo, vista panorâmica, varanda, localização, e muito menos um sonho, ele ajuda a concretizar !

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O PRESENTE !

O PRESENTE

O dia à dia do corretor de imóveis é realmente bem diferenciado, não existe um dia igual ao outro, cada tratativa tem características próprias, até pelo fato de que as pessoas não são iguais. Eu estava tratando uma proposta em um sobradinho na Avenida Miguel Stéfano, no bairro da Saúde, o comprador, senhor Wagner, era uma pessoa muito educada, bem articulada e esbanjava simpatia. Estávamos com o valor praticamente fechado, faltava pouca coisa, o que estava atrapalhando era o fato de que o senhor Wagner queria colocar um Vectra como parte de pagamento, ele queria o valor de tabela R$23.000,00, no entanto, a realidade do mercado apontava para um valor de R$ 19.000,00, era o que os lojistas estavam pagando. Os vendedores não iriam ficar com o carro, queriam era fazer dinheiro de imediato, e faltavam ainda R$5.000,00 do preço pelo qual eles fechariam a negociação, resumindo, a diferença na realidade era de R$9.000,00.Conversando novamente com o comprador, ponderei a situação quanto ao valor do carro e consegui uma nova proposta no mesmo valor, mas, sem o veículo, ele pagaria tudo em dinheiro, inclusive o valor referente ao carro seria pago no ato do sinal e princípio de pagamento.Os proprietários eram um pouco duros na queda, assim, fui tratar com eles colocando o carro pelo valor de R$ 20.000,00, mesmo sabendo que o que eles preferiam, como diz o ditado, era a parte deles em dinheiro. Quando percebi que era o momento certo,soltei a bomba:- Olha vamos fazer o seguinte, não sei se eu consigo mas toda tentativa é válida, vamos fechar sem o carro, talvez eu consiga, mas no preço tenho certeza de que o limite dele é este, não vai dar para chegar mais R$5.000,00.Na verdade eu disse que tentaria o que na realidade eu já havia conseguido do senhor Wagner.- Vamos transferir para ele o problema de vender o carro, ele que venda pelo valor que quiser, o importante é que ele pague esta diferença em até trinta dias !Preenchi a contra proposta nas condições sugeridas e colhi a assinatura do casa, argumentando ainda, que se o comprador concordasse eu já iria preparar o contrato, sai de lá com os documentos do imóvel.Liguei para o senhor Wagner e disse que o negócio estava fechado, peguei os dados que faltavam para fazer o contrato e marquei o horário para a assinatura, ele queria assinar naquele mesmo dia. O comprador chegou pontualmente no horário marcado, os vendedores não poderiam estar no escritório no horário estipulado pois eram dono de uma mercearia, não poderiam fechar o estabelecimento para ir até ao escritório, assim eu iria colher a assinatura do comprador, pegar os cheques do sinal e acertaria a situação com os vendedores.O senhor Wagner então começou a ler o contrato, de repente ele parou de ler e me disse bruscamente:- Eu não concordo com esta condição da entrega do imóvel na escritura, eu quero a posse agora, na assinatura do compromisso de venda e compra ou não tem negócio!Foi então que ele começou a me explicar o motivo.- Antonio Carlos, meus pais moram há muito tempo nesta região, nós somos aqui do bairro e a minha mãe sempre foi apaixonada por este sobradinho, desde quando ele foi construído. Na verdade eu estou comprando é para eles que vão completar bodas de ouro neste final de semana. Nós já preparamos uma festa e o meu presente para eles vai ser uma caixa de cartão de visitas com o novo endereço, e as chaves do imóvel, e arrematou enfaticamente:- Se eu não puder fazer esta graça, o imóvel não me interessa mais! !Fiz então, o que qualquer gerente de vendas teria feito naquela situação. Garanti a ele que não se preocupasse pois eu iria conseguir a liberação das chaves. Retifiquei a cláusula em que constava a transmissão da posse, especifiquei os cheques do sinal e e ele assinou o contrato.Eu tinha nas mãos um bom trunfo, o comprador estava pagando metade do valor total do imóvel no ato do sinal, e mais, eu havia antecipado para pagamento junto com o sinal a parcela referente ao valor do carro, que na contra proposta assinada pelos vendedores, era para trinta dias. Assim não encontrei muita resistência por parte dos proprietários, em concordar com a transmissão precária da posse ao comprador.Em todos os meus anos de profissão, esta venda foi uma das que mais me marcou pelo motivo de que, pais darem imóvel de presente para filho eu já havia visto muitas vezes, no entanto era a primeira vez que eu via um filho comprar imóvel para presentear os pais. O detalhe da entrega do cartão de visita era muito original e inesquecível, pena não poder presenciar a emoção, que com certeza os presenteados devem ter sentido.

antonio carlos de paula

quinta-feira, 25 de junho de 2009

PREVER O IMPREVISTO

PREVER O IMPREVISTO

O motivo pelo qual a maioria dos corretores de imóveis, e vendedores em geral, não é muito afeita à palestras e cursos de treinamento de vendas, é sem dúvida um só: geralmente o palestrante, treinador, instrutor, ou seja lá a denominação lhe atribuída, é um expert em psicologia, pós graduado em vendas, marketing, e neurolinguistica, especializado em matemática financeira, e nunca vendeu um imóvel.

É uma verdadeira arte ensinar vendas, sem jamais ter sido um vendedor, em todos os cursos dos quais participei, repletos de dinâmica de grupo, entusiasmo, piadinhas e lições comportamentais, a oratória, é lógico, é o atributo principal do palestrante, que normalmente num determinado ponto da preleção, pasmem, nos diz que o vendedor ou corretor precisa aprender a ouvir.

A teoria não encanta um corretor desencantado, desmotivado, assim, ele não tem nenhuma boa vontade em ouvir alguém que nunca sentiu na pele as agruras do dia a dia de trabalho, e que muito provavelmente jamais perdeu uma venda! Meu amigo Ivair O Príncipe, ex craque de futebol, que brilhou no time da Portuguêsa e no Timão do Parque São Jorge, sempre me diz com aquele sorriso de marfim:: “Eu nunca perdi um pênalti!!! Nunca bati! “ É mais ou menos por aí.

A posição do instrutor é tranquila, não existem objeções nem imprevistos, na teoria nenhum corretor corre o risco de perder “uma venda feita”, porque depois de ter feito a proposta é que o comprador viu que se derrubarem as casas vizinhas ao prédio, será possível construir um edifício que vai lhe tirar toda a panorâmica vista da varanda! Então eu bato na tecla de que não existe “venda feita”, e assim, ninguém perde o que não tem, o que era somente perspectiva ou possibilidade, ainda que com grande chance de se concretizar. Comissão ganha, só quando o cheque está na nossa conta, e regularmente compensado.

No ramo imobiliário, qualquer destes instrutores de venda, colocando em prática tudo o que sabem na teoria, ficaria rico em pouco tempo, independentemente da situação do mercado,e nem precisaria gastar seu tempo dando palestras, bastando aplicar as suas próprias lições. O único problema é que eles teriam que ensinar os compradores a não fazerem objeções, e se comportarem e reagirem de forma sempre favorável aos seus interesses, além é claro, de prever os imprevistos!.

antonio carlos de paula

terça-feira, 23 de junho de 2009

OS URUBÚS DE MOEMA!
Sei que vai ser difícil acreditar nos fatos que vou narrar, no entanto se você não acreditar, confesso expressamente que não ficarei surpreso, afinal, se eu não tivesse presenciado também não acreditaria.O senhor Sebastião, que eu tratava com respeito, mas nunca conseguirá chamar de senhor, era um cliente super especial, daqueles poucos em que um corretor pode confiar, muito inteligente, educado, leal, um mineiro que vivia entre São Paulo e sua fazenda em Brasília, gostava de musica sertaneja, de cantar e tocar violão. Nos conhecemos quando o Munhões, um dos melhores homens de venda que conheci, e a sua parceira Ana, uma mulher elegante, educada e também,ótima corretora, o atenderam mostrando um terreno na rua Orissanga, no bairro de Mirandópolis, bem próximo da estação do metrô Praça da Árvore.Na verdade era um bom terreno com uma casa bem antiga, que ele iria demolir e construir um prédio de sete andares, onde seria a sede da sua empresa de semi jóias. Seu escritório ficava na Rua Luis Góis, na mesma região, por isso o imóvel lhe interessara bastante. O corretor tinha uma péssima mania de trabalhar com o valor abaixo do valor real, era a sua tática para entusiasmar o comprador, depois era preciso aquele processo de tirar leite de pedra.O imóvel foi mostrado, e o corretor, como era seu costume usou a sua tática suicida; - O senhor paga duzentos e cinqüenta mil ?O comprador respondeu que sim, e formalizou a proposta.Quando fui tratar com o proprietário é que o bicho começou a pegar. Era um alemão duro na queda, (não dou muita sorte com eles), e além do mais surgiu uma situação agravante . Quando lhe falei o valor da proposta, ele simplesmente ficou furioso. Como é que eu tinha o desplante de levar uma proposta naquele valor. O que eu não sabia, é que a corretora que havia feito a angariação, havia super valorizado o preço para obter uma exclusividade de venda.. Assim, sabendo que a avaliação que fora apresentada aos proprietários estava realmente acima do valor de mercado, ela simplesmente havia alterado o preço da ficha para duzentos e oitenta mil reais e, inclusive estava anunciando o imóvel por este valor.. A sua esperança era de que, havendo uma proposta conseguiria convencer o proprietário. Sem saber de nada disso, eu estava trabalhando com o valor da ficha, e argumentei que a diferença de trinta mil reais não era nenhum ultraje. Depois exibi cópias do anúncio que a corretora fizera, no valor de duzentos e oitenta mil reais, e argumentei que o imóvel não valia , exagerando, mais do que trezentos mil reais. A proposta não era indecorosa, ainda mais que o pagamento era a vista.Foi então que o alemão ficou mais do que furioso, e me perguntou como é que eu havia inventado aquele valor, e me exibiu uma cópia da exclusividade de venda e de uma avaliação, de trezentos e quarenta mil reais, assinada pelo gerente da corretora que fizera a ficha, e por ela,como testemunha. É fácil de imaginar a minha situação, Nestas circunstâncias foi que conheci o comprador, meu primeiro contato com ele foi exatamente para expor estes pormenores. É claro que ele sabia que o imóvel valia mais do que a proposta que fizera, mais ele havia oferecido exatamente o preço que o corretor lhe sugeriu. Parece um paradoxo, um aumenta o valor para conseguir agradar o proprietário e angariar o imóvel, o outro oferece o imóvel abaixo do valor para entusiasmar o comprador. E o gerente que se vire!E foi o que aconteceu, depois de marchas e contra marchas, consegui me virar e fechar a venda. O senhor Sebastião, quando estava em São Paulo, morava no Sutton House, na Avenida Jandira, em Moema. Algum tempo depois da compra do terreno, ele me ligou. Estava pensando em comprar uma cobertura, pois no prédio em que ele morava, que era de alto luxo, moravam também muitos artistas, e o barulho dos helicópteros e a romaria de fãs na portaria incomodavam demais. Ele pediu para que encontrássemos algo para ele. Apartamento era a especialidade da Ana, ela selecionou alguns e marcamos para mostrar. Começamos pela cobertura de um francês na Alameda dos Jupís, que ficava bem próximo ao prédio em que o cliente morava. A esposa do proprietário havia falecido há mais ou menos trinta dias, a cobertura era boa, mas estava muito judiada, inclusive havia um vazamento na suíte máster e era ridículo ver um balde aparando a intermitente goteira. Era um sábado lindo, simplesmente maravilhoso, um sol mais do que brilhante e nuvens de algodão enfeitavam o céu azul como não era costume se ver. Por volta de meio dia chegamos ao local. Vimos todo o pavimento inferior da cobertura, a copa, cozinha, sala de jantar, dormitórios, dependência de empregada, por fim estávamos indo para ver o living, o bar, o terraço, a churrasqueira e a piscina. A Ana seguia na frente puxando a fila, junto com o comprador, de repente eles param de subir, e o senhor Sebastião nos faz sinal para ficarmos quietos. Subimos, eu e o proprietário até o degrau em que eles se encontravam, olhando para o terraço. Solenemente pousados no peitoril do terraço, estavam dois enormes urubus, imóveis, parecendo aquelas estátuas de gesso que enfeitam alguns jardins. O senhor Sebastião perguntou ao francês se ele tinha uma máquina fotográfica, (não era ainda a época dos celulares com câmeras, e muito menos das câmeras digitais). O francês, cujo nome nunca mais consegui lembrar, por coincidência tinha uma máquina com filme. O comprador fotografou as inusitadas figuras e entregou a máquina ao vendedor. Não chegamos a olhar a piscina, não havia como evitar o constrangimento daquela saia justa. Tentando em vão, manter a naturalidade, nos despedimos.Ao chegarmos lá fora o cliente ainda surpreso e espantado me disse;- Quer dizer que a mulher dele morreu faz trinta dias ? E os urubús estão ali esperando o que ? - Antonio Carlos, não é o Sebastião que vai morar aqui não!!!!! Chegamos ao escritório sem acreditar no que nossos olhos haviam presenciado. Não trabalhei mais aquele dia, ainda bem que existem mais três pessoas que me fazem ter a certeza de que eu não estava vendo coisas. Realmente todos nós vimos os urubús de Moema

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

CONTRATO PADRÃO CASA PRÓPRIA

Caixa Econômica adota o Leasing como contrato padrão para a casa própria (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil - Comunique-se - ) A Caixa Econômica Federal está adotando como padrão de seus contratos o leasing através do arrendamento mercantil e residencial. A afirmação é do presidente da Associação Nacional em Defesa dos Mutuários (ADM), André Paiva.De acordo com o presidente da ADM, André Paiva, todas as unidades habitacionais para a população de baixa renda são feitas através do PAC – Programa de Arrendamento Residencial.” Nessa modalidade de contrato, o adquirente tem apenas a posse do imóvel, pois a propriedade continua sendo do banco”, alertou.Paiva enfatizou que não há atualmente o cumprimento da Constituição Federal, no tocante ao direito de propriedade, haja vista as modalidades de contrato adotados pelos bancos.” O Sistema de governo atual descaracterizou o Sistema Financeiro de Habitação, passando a vigorar a alienação fiduciária e o leasing como fontes inspiradoras dos bancos para novos empreendimentos”, comentou.“O que se vê é o governo não realizando o sonho da casa própria para o seu povo, mas sim, milhares de brasileiros por assinarem contratos que autorizam aos bancos, a retomada imediata do imóvel, independente da dívida que possui o mutuário, uma vez que, no Sistema Financeiro da Habitação o imóvel é a garantia da dívida, sendo que a mesma é atualizada com a cobrança de juros e correção”, disse.André Paiva também comentou que ainda se tem como principal sistema habitacional, o Sistema Financeiro da Habitação e a equivalência salarial como melhor forma de controle de reajustamento.” Quem quiser tirar dúvidas poderá comparecer na Rua Alcindo Guanabara, 24, Grupo 1014, no Centro do Rio de Janeiro. Outras informações poderão ser obtidas pelo telefone (21) 2240-0585”, concluiu.Pauta postada em: 21/09/2007 12:24

terça-feira, 18 de setembro de 2007

VASOS DE SAMAMBÁIA !


OS VASOS DE SAMAMBÁIA

Não foram poucas as vezes que tive de desembolsar algum valor para não perder uma venda, já paguei lustre, telefone conta de água atrasada, etc. etc. etc.! Às vezes é necessário fazer um sacrifício, e sempre parti do princípio de que é melhor meio prato de salada, do que um prato inteiro de capim! Ou como queiram alguns: É melhor um pássaro na mão do que mil em revoada! Eu estava já há alguns meses tentando vender um sítio para um cliente, senhor Antonio, um português duro na queda, cheio de dinheiro, exigente e um tanto arrogante. Já havia lhe mostrado diversos imóveis, mas nenhum era de seu agrado. Consegui achar um sítio em Itú, que se enquadrava nas suas exigências. O proprietário era o senhor Pimentel, um fiscal da Fazenda, gente fina, muito educado, não me lembro ao certo quantas vezes fomos até ao sítio, mas foram muitas. O mercado estava parado, e o meu cliente queria fazer um excelente negócio, por isso suas propostas eram muito além de indecorosas. O proprietário queria vender realmente, mas não dava para aceitar o preço e o prazo que o comprador praticamente queria impor, inúmeras foram as reuniões, e o comprador sempre me dizendo:
- Pode deixar que ele vai chegar no meu preço, é questão de tempo, ele precisa do dinheiro!
E vai proposta, vem contraproposta e não se chegava nunca a lugar nenhum, nem comprador nem vendedor chegavam a um acordo satisfatório. Uma noite, saímos do escritório as onze e meia, era uma Sexta feira e quase que por milagre havíamos quase chegado a um denominador comum. Marcamos para ir no dia seguinte pela manhã visitar novamente o sítio. As seis horas da manhã do Sábado eu já estava na casa do comprador e fomos para Itú. A venda era de porteira fechada, mas haviam alguns objetos que eu já havia avisado ao comprador que não ficariam; uma mesa de bilhar, um jogo de estofado e meia dúzia de vasos de samambaia. O comprador, como sempre querendo se prevalecer do poder econômico empacou feito uma mula, chegou para mim, longe do vendedor e disse:.
- Eu fico com o sítio, mas daqui não sai nada!
Com muita paciência tentei contornar a situação:
- Mas seu Antonio, para o senhor estes objetos não representam quase nada em relação ao valor do imóvel, mas para o senhor Pimentel o valor é mais sentimental, estimativo.
Com o português não haviam argumentos satisfatórios e tentei então resolver o problema com o vendedor. Resolvi o problema da mesa de bilhar e do conjunto estofado, eu descontaria da comissão o valor daqueles objetos, no entanto o maior impasse eram as samambaias, pois delas, a esposa do vendedor não abriria mão!
- Seu Antonio, já está resolvido o problema, agora quanto as samambaias, a gente passa no CEASA e eu lhe compro uma dúzia delas.
- Senhor Antonio Carlos eu já lhe disse, eu fico com o sítio mas daqui não sai nada!
A conversa com as partes eram totalmente isoladas, o comprador passeando pelo sítio, e o vendedor dentro da casa, e eu feito moleque de recado de um lado para o outro!
- Antonio Carlos, eu respeito muito o seu trabalho mas este português já tá me enchendo o saco porra! Daqui a pouco ele vai querer as calcinhas da minha mulher que estão penduradas no varal!
- Calma seu Pimentel, tenha um pouco mais de paciência, a gente vai solucionar isso!
Eu já não tinha mais o que argumentar e também já estava cansado daquela lenga - lenga, por fim o português endureceu o jogo mais uma vez.
- Vamos deixar isso para Quarta ou Quinta feira, até lá a gente resolve, tenho certeza de que ele vai concordar! Ninguém tem dinheiro para comprar nada nesta crise!
Outro final de semana perdido e mais uma semana de ansiedade me aguardavam. Na Terça feira o vendedor passou no escritório e me pediu os documentos pois precisava mostrar para um outro cliente que estava interessado no sítio. Na Quinta feira o português pediu para que eu marcasse uma reunião com o vendedor. Quando liguei para o senhor Pimentel a surpresa não me foi agradável, ele havia assinado o contrato de venda na noite anterior, agradeceu o meu esforço, teceu vários elogios, e disse que quando precisasse de alguma coisa me procuraria. Nunca mais o vi. Pedi a recepcionista que ligasse para o senhor Antonio e pedisse para que ele viesse ao escritório, não queria dar a notícia por telefone, afinal ele merecia ouvir tudo ao vivo.
- Seu Antonio Carlos posso ver o contrato, o senhor já preparou a minuta?
Não posso dizer que foi sem prazer que lhe dei a notícia, afinal eu havia feito de tudo para que ele fizesse um bom negócio, no entanto a sua teimosia havia prevalecido. Pensei que o homem fosse ter um infarto ali na minha frente, parecia que todo o sangue do seu corpo havia subido para o rosto e jamais esquecerei a imagem daquele rosto roxo, parecendo querer explodir!
Não se pode vencer sempre, mesmo que se faça tudo como manda o figurino há fatos e atitudes que nos fogem ao controle! E esta estória entra para a galeria das vendas que eu não fechei!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

TIO NAGIB

TIO NAGIB
O senhor Nagib era o proprietário de um imóvel no Planalto Paulista que, apesar da excelente localização, estava a venda havia um bom tempo. Cada vez que surgia um interessado não se conseguia chegar além de um primeiro contato, pois ele não queria ceder no preço, aliás, muito pelo contrário, ele aumentava o valor alegando que tinha uma dívida em dólares, que evidentemente, crescia assustadoramente além da real valorização do imóvel e ele queria repassar para o comprador o seu pequeno grande problema. No entanto, ele não dava muita explicação, dizia que era uma operação de leasing, e enrolava, desconversava. Finalmente tivemos uma proposta concreta, muito próxima do que ele estava pedindo, o comprador, senhor Carlos daria R$90.000,00 como sinal e princípio de pagamento, na apresentação das certidões e outorga da escritura daria mais R$ 60.000,00, um apartamento no Itaim no valor de R$130.000,00, e um automóvel no valor de R$20.000,00, totalizando R$300.000,00. Por cautela, já que o comprador estava propondo um sinal muito alto, reduzi o valor para R$30.000,00, sendo que desta importância já sairia o valor da comissão. Na reunião de fechamento o senhor Nagib veio acompanhado da esposa, dona Eunice, e nos apresentou uma cópia da escritura que precisava ser atualizada, e explicou que, por um documento particular havia dado o imóvel em garantia de um empréstimo mas que não haveria nenhum empecilho para fechar a negociação, se comprometendo a apresentar toda a documentação de praxe, e a resolver o seu problema com o senhor Paulo, seu credor.
Enquanto aguardávamos a chegada do senhor Carlos, fiquei conversando com dona Eunice que me confessou longe do marido, que precisavam urgentemente vender aquele imóvel, eles estavam morando na Rua Dom Henrique, no Jardim Luzitânia e eu fiquei pasmo quando aquela elegante senhora me disse quase com lágrimas nos olhos, “Tem dia que eu não tenho dinheiro para fazer a feira, o senhor acha que isso é vida, na minha idade?
Com a chegada do comprador e a esposa, passamos a tratar dos últimos detalhes, O senhor Nagib aceitaria todas as condições propostas, mas queria mais R$30.000,00, que ele mesmo sugeriu que fossem pagos em trinta parcelas iguais de R$1.000,00 cada uma, sem juros e sem qualquer tipo de acréscimo ou correção. A transação foi fechada sem maiores problemas. Dias depois o despachante nos apresentou as certidões atualizadas e veio a surpresa, o contrato particular que o senhor Nagib dissera ter assinado, na verdade era uma escritura pública de venda e compra, devidamente registrada. Convoquei o vendedor imediatamente ao escritório e conclui que na realidade ele não havia agido de má fé, ele nem sabia direito o que havia assinado, mas continuou afirmando que não haveria nenhum problema e nos colocou em contato com o advogado do seu credor, alias, legalmente o verdadeiro dono do imóvel. Ficou então acertado que faríamos uma escritura de venda e compra da casa para o senhor Carlos, e este outorgaria diretamente ao senhor Paulo a escritura do apartamento que estava dando como parte do pagamento, o qual seria a nova garantia da dívida do senhor Nagib. No dia aprazado o senhor Paulo, muito elegante, era dono de uma rede de lojas de moda masculina, educado, não teria mais do que trinta e cinco anos, esbanjando cordialidade, a fala mansa, envolvente, chegou acompanhado de seu advogado e cumprimentou efusivamente o senhor Nagib, a quem chamava falsa e carinhosamente de Tio Nagib, não faltou nem o fraternal beijo no rosto.Foram feitas as devidas apresentações, o comprador não entendendo muito o que estava acontecendo,eu lhe havia dito apenas o que lhe interessava, que ele estava fazendo uma transação sem qualquer risco, isto é o que contava. O advogado, o senhor Paulo e o Tio Nagib, fizeram várias contas, inclusive somando a elas o valor das despesas da escritura do apartamento, em resumo, o Tio Nagib ficaria tão somente com o valor do sinal que havia recebido, o carro dado como parte do pagamento, e as trinta parcelas, e continuaria a dever favor e dinheiro ao senhor Paulo.
O escrevente começou a ler a escritura, eu estava sentado ao lado de dona Eunice, e gelei quando a ouvi dizer ao marido, em voz bem baixa, mas com firmeza: "Eu não vou assinar "! . Foi então que eu percebi que nem mesmo a esposa do Tio Nagib sabia ao certo o tamanho do pepino em que estavam metidos, quando ela se deu conta foi que o bicho pegou. O escrevente fazendo a leitura, ninguém mais havia percebido a situação apesar do enorme nervosismo e constrangimento que tomou conta do Tio Nagib que, muito educadamente, pediu desculpas interrompendo a leitura e pediu para conversar em particular com o advogado e o senhor Paulo.Conduzi então os compradores e o escrevente, que continuavam sem entender nada, para uma outra sala, providenciei para que servissem água e café e ficamos na expectativa. Aleguei que havia ainda uma pendência de ordem particular que o Tio Nagib precisava resolver.
Naquela altura do campeonato comecei a me preocupar pois, se a venda abrisse eu tinha a absoluta certeza de que o Tio Nagib não teria condições de devolver nenhum centavo do sinal que havia recebido, e nos teríamos um enorme problema. Após uns vinte minutos a conversa finalmente terminou e voltamos todos para a sala novamente, o senhor Paulo iria liberar um pouco mais de dinheiro para o Tio Nagib, ou seja daria mais um pedaço de corda para o pescoço do coitado. O escrevente concluiu a leitura, tudo foi assinado como manda o figurino. E é claro que o senhor Paulo já nos deixou o apartamento recém adquirido, para venda. Aliás ele tinha muitos outros imóveis a venda, com certeza obtidos nas mesmas condições. Na verdade ele não era um investidor do mercado imobiliário, era apenas mais um agiota, explorando impiedosamente incautos necessitados, aplicando seu dinheiro a juros exorbitantes, exigindo como garantia os imóveis dos desafortunados, que fatalmente não conseguiam cumprir os pagamentos, e quase sempre, acabavam perdendo o imóvel. Apenas mais uma prova inconteste da desigualdade que assola o nosso país das maravilhas! Afinal, não existe felicidade perfeita e o mundo, realmente não é justo!